Tuesday, January 24, 2006

Trechos interessantes do prefácio e da introdução do livro 'Teosofia'

A maior parte dos vários prefácios das várias edições não interesserão muito para um estudo geral da antroposofia, mas as seguintes citações podem merecer serem contempladas:

(Do prefácio)
“Quem quiser buscar os caminhos que conduzem para além do mundo sensível, compreenderá logo que a vida humana só adquire valor e significado mediante um lance de visão num outro mundo. A pessoa que alcança tal visão não fica – como muitos receiam – alheada da vida ‘real’, pois apenas essa visão lhe permite alcançar firmeza e segurança nesta vida. Ela aprende a conhecer as causas da vida, ao passo que sem isso tateia como um cego em busca de efeitos. É somente pelo conhecimento do supra-sensível que o sensoriamente ‘real’ passa a ter um significado. Portanto, mediante esse conhecimento a pessoa se torna mais – não menos – apta para a vida. Só pode tornar-se uma pessoa verdareiramente ‘prática’ quem compreende a vida.” (p. 17)

“Não se pode ler este livro como se costuma ler livros em nossa época. Em certo sentido, cada página – aliás, cada frase – terá de ser trabalhada. Isso foi tencionado conscientemente, pois só assim o livro pode vir a ser, para o leitor, o que realmente deve ser. Quem simplesmente o ler da primeira à ultima página não o terá lido de facto. Suas verdades devem ser vivenciadas. A Ciência Espiritual só tem valor nesse sentido.” (p. 17-18)

“Quem busca neste livro as verdades ‘finais’ talvez o ponha de lado com insatisfação; pois inicialmente tiveram de ser apresentadas, justamente do âmbito genérico da Ciência Espiritual, as verdades fundamentais.” (p. 18)

“Quem faz hoje uma explicação de fatos supra-sensíveis deveria ter clareza sobre duas coisas: primeiro, que o nosso tempo precisa do cultivo de conhecimentos supra-sensíveis; e segundo, que nos meios intelectuais existe hoje uma abundância de ideias e emoções fazendo com que essa explanação pareça árida fantasia e devaneio. A época actual necessita de conhecimentos supra-sensíveis, pois tudo o que o homen sabe usualmente do mundo lhe provoca uma infinidade de perguntas que só podem ser respondidas pelas verdades supra-sensíveis. Ora, é preciso não iludir-se sobre um ponto: o que se pode obter das correntes de pensamento moderno a respeito dos fundamentos da existência constitui, para uma alma com sensibilade mais profunda, não respostas, mas indagações relacionadas com os grandes enigmas do mundo e da vida. Alguem pode supor, por algum tempo, ter encontrado uma solução para os enigmas da existência nos ‘resultados de factos estritamente científicos’, ou nas conclusões de algum pensador contemporâneo; mas se a alma descer às profundezas que deve alcançar quando realmente compreende a si mesma, aquilo que inicialmente lhe aparecia uma solução lhe parecerá apenas uma incitação à verdadeira pergunta. E uma resposta a essa pergunta não apenas redundará numa satisfação da curiosidade humana: ela mesma constitui condição essencial para a serenidade e coerência interior da alma. Alcançar tal resposta não somente satisfaz o impulso cognitivo, mas faz do homem um ser laborioso e maduro para as tarefas da vida, enquanto a ausência da solução para os referidos problemas tendem a paralisar-lhe a alma e, em última instância, também o corpo. O conhecimento do supra-sensível não é simplesmente algo que atenda à necessidade teórica, mas à verdadeira vida prática. É justamente por causa do estilo da vida mental moderna que o conhecimento espiritual constitui um domínio cognitivo indispensável ao nosso tempo.
Por outro lado, é patente que muitos repelem hoje, com a maior veemência, precisamente aquilo de que mais necessitam. O poder coercitivo de muitas opiniões formadas com base nas ‘experiências científicas exatas’ é tão grande, para muitas pessoas, que elas não conseguem senão considerar um absurdo espantoso a matéria de um livro como este. Quem expõe conhecimentos supra-sensíveis consegue encarar essas coisas sem ilusão alguma. Aliás, esse tipo de expositor será facilmente intimado a dar provas ‘imparcias’ de suas afirmações. Só que em tal caso nunca se reflete que isso é entregar-se a uma ilusão; pois o que se exige – aliás inconscientemente – não são as provas inerentes às coisas, mas aquelas que se quer ou se está em condições de reconhecer.
O autor desta obra sabe que nada se encontra nela que não possa ser reconhecido por toda e qualquer pessoa firmada nas bases do conhecimento científico da actualidade. Sabe que é possível atender a todas as exigências das Ciências Naturais e, precisamente por isso, ver fundamentada em si mesma a forma de exposição feita aqui a respeito do mundo supra-sensível. Aliás, justamente a genuína mentalidade científica deveria sentir-se em casa nesta exposição.” (p. 19-20)

(Da introdução)
“Contudo, nem só a pesquisadores do mundo espiritual deve falar o observador do supra-sensível. Ele deve dirigir suas palavras a todos os homens, pois tem de informar sobre coisas que interessam a todos eles; sim, ele sabe que ninguém pode ser 'homem' na plena acepção do termo sem um conhecimento dessas coisas - e fala a todos os homens por saber que existem vários graus de entendimento para o que tem a dizer; sabe que também podem compreendê-lo os que ainda estejam longe do momento de ter acesso à sua própria pesquisa espiritual - pois o sentimento e a compreensão da verdade existem em todo ser humano. (p. 22)
...
________________________________________________

No comments: